quarta-feira, setembro 29, 2004

De volta ao trabalho



Com o início deste semestre começa também uma nova fase da minha vida.

Depois de terminar a licenciatura decidi deslocar-me em contra-ciclo. Após cerca de 6 anos no mundo real, com recibos de ordenado e IRS para pagar, eis que deixo a indústria para voltar a ser estudante, no sentido estrito.

Iniciei este mês o meu mestrado - um percurso que me deverá ocupar cerca de um ano.

Juntamente com promessas de realização pessoal, por via da actividade de investigação, vêm os votos de uma vida monástica suportada por pouco mais do que uma bolsa que representa apenas uma fracção daquilo que qualquer recém-licenciado consegue no mundo do trabalho.

Muitos se interrogam se não terá sido uma atitude temerária, especialmente se tivermos em conta as oscilações imprevisíveis da economia, deixar um emprego estável e um contrato sem termo para perseguir um sonho.

O mundo real e o mundo académico não se compadecem com lirismos oníricos. Seria, por isso, um sinal de ingenuidade pensar que poderia justificar esta minha decisão com uma mera fixação de juventude. Se assim fosse, poderia igualmente perseguir uma carreira como guarda-freio, com a qual sonhava frequentemente na infância.

Antes de mais, optar por um mestrado a tempo inteiro é um desafio, uma auto-descoberta, um teste ao limite das minhas capacidades. O próximo ano ditará aquilo que eu quero realmente fazer no futuro.

Para já, o balanço é positivo. A par do estímulo intelectual, que tem sido sempre a fonte da minha força vital, a experiência de ensino tem-se revelado enriquecedora.

O veredicto fica para depois. Até lá, viverei o hic et nunc.