sexta-feira, abril 25, 2008

Orthographia


Orthographia. Derivase do Grego Orthos, Recto, & Grapho, Escrevo, & assim Orthographia vem a ser, Arte de escrever as vozes, com as letras convenientes à sua origem, & recta pronunciaçaõ, que o uso tem introduzido. Temos quatro Autores de Orthographia da lingua Portugueza, ou para dizer melhor, quatro Orthographias, porque todas quatro são diversas, a do Licenciado Duarte Nunes de Leão, impressa anno de 1576, a de Alvaro Ferreyra de Vera, anno de 1631, & as de Joaõ Franco Barreto, & do P. Bento Pereyra mais modernas. Com Orthographia differente destas quatro escreve muytas dicções o P. Man. Fernandes no seu livro intitulado, Alma Instruida, & c. Desta maneyra, em Portugal, para o modo de escrever não ha moda, nem regra certa; quasi todos escrevem como querem; & com a continuaçaõ desta diversidade, só cada hum poderá entender a sua escritura.

Conformase a Orthographia com o uso, & por isso se mudou muytas vezes (Quintiliano)


in Vocabulario Portuguez e Latino, 1712

domingo, fevereiro 24, 2008

Frozen Grand Central

Uma pedra no charco da monotonia do quotidiano.

sábado, fevereiro 23, 2008

Incompetência III

No Expresso:

A Universidade de New Castle, em Inglaterra, anunciou que é cientificamente possível criar espermatozóides a partir de células-tronco da medula óssea de mulheres. Já o Instituto brasileiro Butantan conseguiu criar óvulos a partir de células-tronco de ratos machos.


Células-tronco?!?! Para os jornalistas do Expresso, stem-cells são células-tronco?? Fazemos agora tradução de artigos de outros jornais com o Google Translate, ou quê?

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Comemorar 10 anos de União Económica e Monetária!

Votação para escolher o desenho do verso da moeda comemorativa dos 10 anos da união económica, a ser emitida pelos estados-membros em 2009.

Comemorar 10 anos de União Económica e Monetária!

terça-feira, janeiro 29, 2008

Techdirt: The Grand Unified Theory On The Economics Of Free

So there you have it. After many months, one single summary of the economics of "free" and how it can be used to anyone's advantage. It's not about defending unauthorized downloads. It's not even about getting rid of copyright -- just recognizing that copyright holders can actually be better off ignoring their own copyrights. It's very much about showing the key trends that are impacting all infinite goods -- and pointing out a clear path to benefiting from it (while making life more difficult on those who refuse to give up their old business models). And we're giving it to you all... for free. So, enjoy.

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segunda-feira, janeiro 28, 2008

sábado, janeiro 26, 2008

Techdirt: Smartphones Patented... Just About Everyone Sued 1 Minute After Patent Issued

This past Tuesday, the US Patent and Trademark Office issued a patent on "a mobile entertainment and communication device." Reading the patent, you realize it describes the quite common smartphone. It's a patent for a mobile phone with removable storage, an internet connection, a camera and the ability to download audio or video files. The patent holding firm who has the rights to this patent wasted no time at all. At 12:01am Tuesday morning, it filed three separate lawsuits against just about everyone you can think of, including Apple, Nokia, RIM, Sprint, AT&T, HP, Motorola, Helio, HTC, Sony Ericsson, UTStarcomm, Samsung and a bunch of others. Amusingly, the company actually first filed the lawsuits on Monday, but realized it was jumping the gun and pulled them, only to refile just past the stroke of midnight.

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sexta-feira, janeiro 25, 2008

Os misteriosos hábitos dos elefantes

2 éléphants 1 trompe via Koreus

Telefonema para o INEM e bombeiros - Sapo Vídeos

Esta gente está toda bêbeda ou está toda estúpida!

Ms. Dewey


O novo assistente da microsoft para as pesquisas na internet é uma rapariga com um estranho sentido de humor.



Ms. Dewey

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Podcast

Para aqueles que gostam de me ler, pode ser que gostem também de me ouvir, num registo mais descontraído.

Podem subscrever o podcast no iTunes clicando no link aqui em baixo à esquerda ou indo directamente a: http://feeds.feedburner.com/LifeOfNuno

sábado, janeiro 19, 2008

Incompetência III

No Sol:

PCP usa agendamento protestativo para forçar audição urgente de Correia de Campos no Parlamento


A figura regimental de "agendamento protestativo", não existindo, teve de ser inventada.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Leitura interessante: Um bem jurídico simbólico. Sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo


"Foi-nos solicitado parecer sobre um problema jurídico de formulação extremamente simples:

São constitucionalmente válidas as disposições legais, designadamente do Código Civil português, que restringem o casamento a pessoas de sexo diferente?

Pretende-se uma apreciação de direito positivo objectivamente fundamentada.

Como se sabe, esta questão tão simples é objecto de discussão muito acesa em diversos países, não só pela profundidade dos temas jurídicos que toca, mas também, e sobretudo, pela intensidade das representações sociais e das posições ideológicas que se lhe associam.

Este parecer centra-se num dos aspectos jurídicos em discussão, o «valor simbólico» do casamento. Cremos, na verdade, que é esse o fulcro do problema, e que a sua consideração é suficiente para considerar inconstitucional a referida restrição.

O parecer é dado pro bono."

Pedro Múrias


Ler na íntegra

domingo, janeiro 06, 2008

Incompetência II

No Correio da Manhã:

Os registos dão conta da existência de cerca de 8800 milhões de veículos mas a circular estima-se que haja cerca de seis milhões. Serão assim quase três milhões as matrículas das quais ninguém deu baixa.


Como é que disse?

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Incompetência






Desde que a designada Lei do Tabaco entrou em vigor os hábitos diários de muitos portugueses mudaram radicalmente e o ar de centros comerciais, bares e restaurantes tornou-se indiscutivelmente mais respirável.

Para os mais distraídos a lei prevê que os estabelecimentos comerciais coloquem dísticos de modelo oficial indicando os locais onde se pode ou não se pode fumar.

As galerias do Saldanha Residence colocaram sinalefas gigantes, uma em cada pilar do centro comercial, com um dístico de modelo próprio acompanhado de uma lenga-lenga sobre as vantagens de deixar de fumar e a seguinte menção:

PROÍBIDO FUMAR
Decreto-Lei n 37/2007


Ignorando o erro ortográfico, o que realmente me espanta é que a gerência do centro tenha decidido que a proibição de fumar decorre do decreto-lei que cria a Agência Nacional de Compras Públicas e aprova os respectivos estatutos.

quarta-feira, novembro 21, 2007

O Desacordo, Vasco Graça Moura

Não resisto a reproduzir e a subscrever inteiramente este texto de Vasco Graça Moura:



Em 25.7.04, no protocolo modificativo do Acordo Ortográfico, as partes assentaram em que este "entrará em vigor com o terceiro depósito de instrumento de ratificação junto da República Portuguesa". É mais uma bizarria (e uma prepotência de sinal colonialista dos mais fortes sobre os mais fracos), porque dispensa a ratificação de quatro dos Estados soberanos intervenientes (Timor ainda não o era), coisa que nunca se viu em tratados e retira ao papel toda a força e credibilidade internacionais.

O acordo é apresentado pelos signatários de 1990 como um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa. Isto é uma patetice. Não se alcança unidade nenhuma, como resulta logo do próprio e momentoso arrazoado. Por um lado, atente-se na disparidade dos critérios adoptados: enquanto o "h" inicial, que não se pronuncia, se mantém por força da etimologia, o "c" elimina-se quando é mudo em certas palavras, apesar de, nelas, decorrer igualmente da etimologia, de nem sempre ser líquido que não seja semipronunciado, e de se conservar, noutras palavras, quando é proferido nas pronúncias cultas da língua.

Na correlação entre grafia e pronúncia, os cérebros que parturejaram o acordo não compreenderam que, em Portugal e nos PALOP, o "c" que querem suprimir não é somente um testemunho da etimologia, o que, em si, já não seria pouco: é quase sempre essencial para abrir a vogal que o antecede. O mesmo se diga do "p" em idêntica situação. Se passarmos a escrever "ação" ou "adoção", não tardará que, em Portugal e nos PALOP, o "a" inicial da primeira seja pronunciado de modo a fazê-la rimar com "dação", e o "o" da segunda seja pronunciado de modo a dizer-se "adução" (salvo erro, já Óscar Lopes dava, há anos, este último exemplo quanto ao que sucederia numa pronúncia africana do português). Este problema não se põe na pronúncia brasileira, mas isso não é razão para se desfigurar criminosamente a grafia portuguesa. Na pronúncia de Portugal e dos PALOP, com tendência preocupante para o ensurdecimento das vogais não acentuadas, essas consoantes ditas mudas são funcionalmente insubstituíveis para se assegurar uma pronúncia correcta.

Por outro lado, basta pensar nas facultatividades ou grafias alternativas consagradas para toda uma série de casos. Vê-se logo que não asseguram unidade nenhuma, antes a comprometem: por exemplo, aquele mesmo "c" conserva- -se ou elimina-se facultativamente quando oscila entre a prolação e o emudecimento, assim como outras consoantes também se conservam ou eliminam facultativamente quando se proferem numa pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam também entre a prolação e o emudecimento (p. ex., amígdala/ amídala; subtil/sutil; amnistia/anistia). A consequência deste tipo de facultatividade é a de não ser a norma, mas sim a maneira de pronunciar de cada um que determina a grafia. Fica tudo à vontade do freguês... o que é uma excelsa maneira de assegurar "a unidade essencial da língua".

A fermosa unidade é ainda assegurada noutros passos extraordinários. Não resisto a transcrever este: "Levam acento agudo ou acento circunflexo as palavras proparoxítonas, reais ou aparentes, cujas vogais tónicas/tônicas grafadas e ou o estão em final de sílaba e são seguidas das consoantes nasais grafadas m ou n, conforme o seu timbre é, respetivamente, aberto ou fechado nas pronúncias cultas da língua: académico/acadêmico, anatómico/anatômico, cénico/cênico, cómodo/cômodo, fenómeno/ fenômeno, género/gênero, topónimo/topônimo; Amazónia/ Amazônia, António/Antônio, blasfémia/blasfêmia, fémea/fêmea, gémeo/gêmeo, génio/gênio, ténue/tênue". Ante esta unidade essencial assim..."preservada", eu, que me prezo de ter algum currículo, só posso dizer, quanto àquele luminoso emparelhamento "fémea/fêmea", que nunca avistei uma "fémea" nem por cá, nem por outras paragens.

No tocante aos países que mais dependem da cooperação portuguesa, vai ser bonito... No que a nós diz respeito, o acordo não é só uma enormidade cultural. É uma irresponsabilidade política, social, económica e geostratégica! É para isso que estamos na CPLP? E quem é que manda? O ministro dos Negócios Estrangeiros que anda a anunciar a rápida entrada em vigor? A ministra da Educação que não falou do assunto? A da Cultura que ao menos teve a sensatez de pedir uma moratória de dez anos?

Só mais um exemplo: se os negociadores destas trapalhadas quiserem escrever no perfeito do indicativo "andamos a fazer uma triste figura", mas não puserem acento agudo na forma verbal por ele ser facultativo, poderá ler-se a frase no presente e foge-lhes a grafia para a verdade...