terça-feira, novembro 30, 2004

Mulholland Dr.



Filipe Faria diz:

A industria onírica inicia a sua demanda pelo sentido pseudo lógico.
O objectivo da arte não é ter sentido aparente, é despertar algo dentro de cada um que a observa ... Se o senhor Lynch consegue isso com inúmeras mentes (não acredito que sejam todos “intelectuais”, ou "wanna be´s", ou "whatever"), tudo o resto são formulários de lógica que pouco interessam para a finalidade artística.

E eu digo:

É o paroxismo do incompreensível.

Uma coisa é comunicar sensações em bruto, sem um construto destinado à cognição. Outra é a masturbação intelectual de atirar aos outros retalhos inintelegíveis para gáudio daqueles que podem, assim, reservar para si um putativo entendimento dessa obscura arte do absurdo.

Não estou certo se este filme de Lynch cabe na primeira, na segunda ou em outra categoria.

Talvez seja um génio. Não serei eu o juiz disso.

Como dizes, o objectivo da arte pode ser simplesmente despertar sensações em bruto. Nesta concepção, um grito pode ser uma manifestação artística. Não tenho nada a opôr. Mas, nesta instância, prefiro a experiência directa.

Valorizo muito mais a arte que constrói sobre as sensações. Que as relaciona, perspectiva e explora.

Em todo o caso, existem algumas interpretações interessantes do filme de David Lynch aqui.

1 comentário:

|m@giNe disse...

er... só vi o filme uma vez, bastante ensonado e com legendas dessincronizadas, mas achei algo interessante, e o motivar a discussão à posteriori sobre a lógica e sequência do filme é algo que acho bastante bom e que não é inédito em filmes do dito realizador. Parece-me que o 'Estrada Perdida' está muito mais bem engendrado nesse aspecto, mas aí talvez seja uma questão de gosto pessoal, acho interessante que um filme acabe no momento em que comece, isto sem que haja recuos no tempo :-)