Assuntos Aleatórios
Fiquei uns dias sem escrever. Sem cumprir este ritual de vir aqui deixar mais uma oferenda de logorreia à blogosfera. Fi-lo por boas razões. Estive a reflectir.
Há certos acontecimentos nas nossas vidas que nos obrigam a parar, re-avaliar, planear e prosseguir. Nessas alturas, tudo o que se passa, passa-se cá dentro.
Mas não estive desatento durante todo este tempo, porque reflectir não é o mesmo que parar de viver, é apenas uma altura propícia para re-arranjar as ideias.
Em primeiro lugar, toda a gente parece um pouco desiludida com o facto de eu ter decidido iniciar um blog: "Agora também já tens disso?", "Tens um quê?..", "Quem tem blogs é só gente que não tem outro sítio onde fazer masturbações intelectuais!", "Mas porque é que as pessoas hão-de querer saber da tua vida?" "Eu nunca haveria de expor a minha vida na internet...".
No entanto, não fiz nada de tão estupidamente excêntrico. Blogs, com outros nomes e outros suportes, existem há *muito* tempo. Não são muito diferentes de um diário ou de um caderno com pensamentos ou anotações. Mas dirão: ah! mas um diário é uma coisa pessoal, não é para andar para aí a mostrar às pessoas. Bem, talvez os diários dos adolescentes contenham informação demasiado sensível para ser divulgada amplamente, mas não acredito que alguém escreva um diário sem um desejo secreto de que alguém um dia o leia. Caso contrário, seria um exercício verdadeiramente inútil.
Um blog cumpre, portanto, o objectivo dos diários, por excelência.
Havia um outro tema sobre o qual considerei escrever. Era sobre "males de amor". Mas temo que já se tenha escrito demasiado sobre o assunto. Quase tudo o que se escreve sobre afectos diz respeito a experiências muito individuais, porventura irrepetíveis, e que pouco pode aproveitar aos outros, excepto àqueles que almejam viver os amores e desamores dos outros, em vez dos seus. Por isso, não vou dizer uma única palavra acerca do assunto e relego a abordagem do tema para uma altura em que seja capaz de fazer uma análise e síntese desinteressada, desapaixonada e equilibrada do tema, para que possa servir a tantos quanto possível.
Queria também dizer algo acerca do último livro de Jorge Dias de Deus, "Da Crítica da Ciência à Negação da Ciência". E só consigo dizer que estou desiludido. É um livro que fala de tudo e conclui muito pouco. Escrito num espírito de "Vamos ser todos amigos", não toma partido no que opõe Ciência e Pós-Modernismo. O livro pretende fazer uma síntese prematura de uma guerra antiga que há-de continuar por ainda muito tempo. Ao tentar colocar-se na virtuosa posição equidistante não é mais do que perfeitamente insosso. Não serve nem uns, nem outros. É uma verdadeira logorreia em formato de livro. Ao menos este blog só ocupa bytes :)
E ficamos assim por hoje, até depois.
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