No início do meu oitavo ano de escolaridade a directora de turma decidiu perverter as regras para a eleição do delegado e sub-delegado. O delegado, como habitualmente, foi eleito pelos pares, mas o sub-delegado, contrariamente ao que é habitual, seria escolhido dentre uma série de candidatos que teriam de fazer um discurso justificando as razões pelas quais consideravam ser adequados para o cargo.
Não tenho presente por que processo eu me vi entre os potenciais candidatos mas recordo que no meu discurso proferi a seguinte frase:
Sinto que muitas vezes no passado fui subestimado pelos meus colegas e acredito que esta é uma oportunidade para demonstrar o meu valor.
Esta declaração, que manifestamente sobrevalorizava o cargo de sub-delegado que nunca foi nada para além de um cargo meramente figurativo, demonstra bem por que é que nunca poderia ser eleito pelas vias democráticas. Fui efectivamente escolhido para o cargo pela directora de turma que apreciou a eloquência do meu discurso tendo em conta a minha tenra idade. Mas este discurso valeu-me também uma alcunha (a de "subestimado") que sobreviveria até ao fim do meu décimo segundo ano. Passados poucos anos a alcunha sofreu uma elipse e passou de "subestimado" a "sub" e as composições variáveis das turmas que frequentei, não tendo sido testemunhas desse momento fundador, acreditavam que "sub" teria origem no facto de ser sub-delegado, cargo que exerci várias vezes ao longo do meu percurso na escola secundária.
Fica, aqui, reposta a verdade dos factos.
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